Cisne Negro

Cisne Negro
Cora Coralina

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Tempo de mudança

Queridos amigos,

Deixo casa grande para morar numa outra-compacta, clara e pequenina. No tempo oportuno, mando endereço. Levo crianças, plantas e cachorro. Os móveis, muito grandes, feitos como antigamente, de sólidas madeiras, companheiros há 28 anos, precisam de um lugar maior.

Quem tiver um bom espaço pode querer:

Uma sala de jantar com oito cadeiras. A mesa mede 1,20m de largura por 2,40m de comprimento. Sobre ela foram colocados brigadeiros, tábuas de queijo e bem casados. Ao redor dela, filhos sempre, amigos quase sempre. O amor nela depositado é de graça. E o preço é R$ 1.500,00.


A escrivaninha é aquela sobre a qual martelo esse pobre teclado. Custa somente R$ 700,00. Medidas: 0,80m de largura por 1,30 m de comprimento. Vocês levam, de lambuja, alguma inspiração e parte do que realizei dentro das gavetas.

Caso haja interesse é só ligar:

99157045 e falar com a Rosane Buk.

"Life is a journey. Travel light"

Adeus 2005,aos colegas da turma do santa Cruz-80

Adeus ano velho.Feliz ano novo... ..."
Se você do alto de seus 42 anos nunca teve, ainda que por um átimo de segundo ,uma vontade louca de se suicidar aos primeiros acordes dessa musiquinha infeliz ,ou nunca achou uma tremenda babaquice v. estar ali na praia, todo de branco, com copo na mão,não leia o texto. Ele, definitivamente, não foi escrito pra você.
Bom, Reveillons nunca foram exatamente meu forte. Tendo a sentir uma sensação de deja-vú ou então me ponho a fazer questionamentos idiotas sobre o sentido da vida e dá-lhe por quê fiz ou deixei de fazer isso ou aquilo.

A verdade é que melhorei (ou piorei, sei lá, depende do referencial)nesses anos.E pretendo me despedir de 2005 com muita classe. Porque ele foi um ano batuta, se menos fina eu fosse, diria q. foi do cacete.Nem do rato,nem do gato. Mas do cacete.Por vários motivos. Não que eu não tenha sofrido.Muito pelo contrário.(I'm the queen of pain, by the way.)Chorei muito por vários dias, principalmente nos Domingos e em determinadas fases do mês, todo mês.Falei e fiz coisas q. me causaram muitas dores de cabeça.A impulsividade é um bom antídoto contra úlceras e enterocolites.Mas paga-se um preço alto por ela.E a vida tb. aprontou das suas comigo.Vs. sabem como ela apronta de vez em quando, não?

Mas no compto. geral, eu fui muito feliz. Vi meu João desabrochar e passar a pisar fundo e com confiança, o que lhe possibilitou aberturas de caminho na classe, no grupo, na família e no mundo.Cresceu muito, ainda que continuasse a ser "o mais baixinho da série".Fez até uma propaganda. Os outros então, nem se fale. Manu escreve textos bárbaros e devora livros.Tomás tá bacana. Vai pro CISV em Janeiro.
Se não fossem os arranca rabos diários ,os larga seu irmão, olha o jeito que fala com sua mãe, vá já fazer lição e os berros, tapas, chantagens,promessas, mais berros,diria que a maternidade é o céu.Não é. É só a maternidade.

Fora as outras coisas boas. As surpresas dadas pela vida, assim de mão beijada.O beijo que um bombeiro (que bombeiro, minhas amigas) me soprou um dia no parque,e-mails amorosos cheios de elogios a minha prosa, as caminhadas com o compadre André,as caxuxas de São Fco.,os happy (& sad)hour com mis amigas(eu tenho as amigas mais queridas desse mundo),o Mi Putas Tristes, os filmes, a praia de Guaecá com sol, a Europa onde pus meus pés pela primeira vez em Julho, as fotos, os quadros, a Folha nossa de cada dia(sou viciada em jornal), o tarô(sim,leio tarô)e todas as pessoas inteligentes que cruzaram meu caminho. Tenho um fraco por gente inteligente.

E também nosso encontro. Cair a ficha que embora transbordassemos colágeno e elastina, aqueles não foram os anos dourados.Os anos dourados e oh, como eramos felizes e plenos só existiram nas nossas cabeças.Aqueles eram anos bons, mas difíceis, tanto como agora. Só que agora é mais bacana.Num sei dizer por quê.Sinto que é , e pronto.

Portanto, pretendo dar um abraço em 2005 e dizer que valeu, cara.Não fiz sempre o melhor, mas fiz o possível. E benvindo seja 2006, tão novo quanto um caderno em branco.Que possamos deixar nele marcas que valham a pena, que sejamos capazes de vivê-los plenamente. Porque não somos Carolinas deixando a vida passar na janela. Que Deus nos dê muita saúde e força para amarmos e trabalharmos muito.Porque amar e trabalhar é bom demais, dá até pra prescindir de "uma droga que nos dê alegria".É isso. Le Haim. Shalom.Amém.

beijo,
Rosane.

sábado, 10 de novembro de 2007

Tô véia. E daí?

A idade vai chegando e a inexorável passagem do tempo vai passando. Os filhos, que andavam sugando os peitos e sujando as fraldas descartáveis (como alguém pode achar que os tempos de ant'anho eram melhores - já pensou lavar fralda de pano?)ainda outro dia, agora se trancam no quarto, ouvem música, passam perfume antes de ir à escola. Estão entrando na adolescência. Se fossem só os filhos crescendo, tava fácil. Tem a casa onde a alma mora, que não nega a alta quilometragem.Os olhos não enxergam mais de longe. Adorei essa oportunidade. Liguei para amiga chique que operou miopia e recebi , a título de doação, um par de óculos Armani. Depois de um investimento de R$ 90,00 para aquisição de lentes de grau, me senti a própria Constanza Pascolato.Intelectual endinheirada.
A tiróide foi embora, levou junto a possibilidade de procriação. Preços que se pagam numa separação...There is no free lunch, as you know...
E o corpinho que me rendeu ,nos idos de 80, o título do mais belo derriére da piscina do Acampamento Rancho Ranieri ?Na barriga surgiu uma protuberância que não some quando se perde peso .Essa protuberância vem a ser composta da pele que sobrou quando os filhos resolveram vir ao mundo. Ela se chama pelanca.Portanto, tenho pelanca na barriga, mas continuo usando biquini.Cara de fuinha de cigana fugida da Hungria agora tem linhas em volta dos olhos .Sobre a boca formou-se um desenho parecido com código de barras.Já dei um jeitinho no último com umas injeçõezinhas de uma substância comprada na dermato.Uma hora de dor, umas centenas de reais e ...pronto.Só há que torcer para não ficar viciada nesse estica e puxa e acabar parecendo a irmã do Dedé Santana e da Glória Menezes,(os plásticos responsáveis pelo fato das expressões facias deles serem sempre a mesma deveriam ser punidos com a pena de morte ou com a terna danação no inferno católico) .

Como ainda consigo correr na USP(e usando shortinho, vejam bem)por quarenta minutos sem sentir o joelho direito apitando e, de quebra, acompanhar namorado na casa dos 30 ,numa trilha de 4 horas para o Bonete-nada disso me incomoda a ponto de me paralizar.Pelo contrário, gosto muito mais da mulher que sou do que da menina que fui. Ai, ai, ai... Era tanta encanação, tanto sofrimento. Preocupava-me estar gorda,ser viciada em chocolate, não beber cerveja nem alcóol,o fato dos outros beberem(pricipalmente a mãe) não saber que carreira escolher, a minha inveja, o fato de eu ser esquisita, exibida,pouco discreta.O que dava pra resolver ,eu resolvi um tanto,outro tanto a vida resolveu para mim. O que não dava, esta ai...

A experiência é boa. Garante que as ondas de angústia cavalares que me engulfam, de quando em vez, não matam,nem me engordam mais. Pelo contrário, elas são o outro lado da minha capacidade de alegrar-me com as coisas pequenas.Fazem parte do brilho do meu olhar que traz as gentes para perto.

O saldo anda positivo apesar de eu não ter construído uma carreira brilhante ou uma casa no Condominio da Baronesa.
Envelhecer é ruim, mas amadurecer é ótimo.Mesmo porque as outras alternativas são bem misteriosas.

A mulher de 40, por Mário Prata

Não tenho estatísticas em mãos e nem sei se existe alguma coisa a respeito das mulheres na faixa dos 40 ao 50, sobre o seu estado civil. Mas se eu for pensar nas minha amigas que estão por aí, posso afirmar que a grande maioria está separada. E com filhos. E achando que nunca mais vão conseguir outro homem. E se acham horrorosas.

Como eu sou de uma faixa um pouquinho acima, vou meter meu bedelho (que palavrinha mais feia) entre as quarentonas (pra começar, elas odeiam a palavra quarentona, saudosas dos trintinha. E temem o inevitável: cinqüentona. Sexagenária elas não ousam nem pensar. Lembra aquelas tias que elas achavam carcomidas pelo tempo e pela memória).

Eu dizia que elas se acham acabadas. Porque elas não se consideram achadas? A mulher de quarenta tem várias vantagens. A primeira é que já tiveram os filhos que tinham que ter e a gente não precisa se preocupar com a possibilidade de elas quererem mais um (aliás, conheço uma quarentinha – olha que simpático – que já é avó), justamente com a gente que não estamos mais a fim de trocar fralda, ir na reunião de pais e filhos e vigiar a maconha na adolescência. Esta parte elas já resolveram.

Outra vantagem é que elas sabem que Cinema Novo não é aquele cineminha que inauguraram outro dia no shopping. Cantam as músicas dos Beatles com a gente e também não sabem muito bem quem são Oásis. Lembram até da copa de 70, no México e algumas delas chegaram a ver o Pelé jogar. Sabem até a medida da Marta Rocha.

Sexualmente sabem tudo. E como. Tiveram mais homens que possa imaginar nossa filosofia. Aquele negócio de ter orgasmo assim ou assado (assado é péssimo) elas já resolveram há mais de uma década. E já viveram o suficiente para se darem ao luxo de filosofarem sobre a vida, sem aquelas bobagens que as meninas de vinte pensam e dizem e, ás vezes, até escrevem em diário.

Conseguem aprender a mexer no computador com muito mais eficiência que as mulheres de 60 (com todo o respeito, minha senhora). E não perdem parte do dia atrás da alma gêmea na internet, como fazem a turma de 20 e de mais de 50.

Neste momento, por exemplo, o computador acaba de me avisar que chegou uma mensagem nova. Fui olhar e era mais uma daquelas perguntando se eu quero aumentar o tamanho do meu pênis. Tem até a foto de um aparelho que “infla”. Você já pensou, na hora de fazer sexo, você abrir o guarda-roupa, tirar aquela geringonça (a máquina, não a sua) e dizer: um momentinho que você vai ver o que é bom pra tosse? Não, as mulheres de 40 há muito tempo deixaram de se preocupar com o tamanho da geringonça. Com elas é “menas” preliminar e mais ação. A mulher de 40 vai direto ao assunto. Eles já perceberam que podem comer e não apenas dar. As mulheres de 40 comem como gente grande, comem como homem. E a gente dá, com prazer.

A mulher de 40 já tomou aqueles porres memoráveis de quando tinha trintinha. Ela sabe beber. E ainda puxa um sem ficar rindo feito uma principiante de 20 e sem a culpa da turma de 50. Dois tapinhas e vai para o cinema. Relaxadona, dona.

Ah, a mulher de 40 no verão chega ao seu esplendor debaixo do sol. Sabe a medida certa da sua cor e do seu suor. Sai da água como se saísse de um aquário, como se desfilasse em cima da água. Não acampa mais, nem fica em pousada sem internet. A mulher de 40 sabe onde quer ficar. Gosta de um confortinho.

Ela se pinta pouco, ao contrário das de vinte e das de 50 e 60. No máximo um batom básico. Não se enchem de perfumes e pode pintar o cabelo até de vermelho que lhe cai bem. Não fica ridículo com as de 20 ou 50.

Enfim, a mulher de 40 sabe tudo e não está nem aí.

Por que então você sofre, mulher? O mundo não está perdido, está achado. Você é o melhor papo da praça. Você é o que há.